domingo, 25 de outubro de 2009

Sem título

Domingo.
Mais ou menos 5 e meia da tarde.

Aos meus amados primos que se foram por escolha (?), Roberto e Neco, eu tenho só uma coisa a dizer: amava profundamente vocês e entendo a dor que os levaram a este ato último.


A vida é meio selvagem. Não, não. Não escolhemos todos os nossos caminhos. Muito ingênuo ou, no mínimo, superficial quem acha que somos donos da nossa vida o tempo todo.


Longa vida aos imbecis e maledicentes – não sou eu quem deseja, mas a vida é que os dá vida longa, irônica e calculadamente. Na falta de sensibilidade ou alguma inteligência, têm que viver muitos dias vazios e vãos, e briguentos, e infernais. Nem assim eles aprendem. O que querem, quiçá o saibam, jamais o terão. Por que a vida... ah!, a vida não é feita de recomendações. Ela surpreende. E pobre daqueles que
jamais terão olhos ou coragem para as coisas além de suas estreitas viseiras.

Grandes os que enxergam o mal do mundo e, de alguma forma, lutam seus poucos dias por causas nobres para os que ainda virão terem mais vida.
Poucos. Muito poucos estes grandes.


Existem situações em quais somos atirados. Podem, sim, serem conseqüências de escolhas erradas. Mas as escolhas foram sempre feitas com a melhor das intenções.

Sim, sempre boas intenções.

Que não me maldigam os pequenos de coração, porque estes não sabem da minha vida. Antes só me cumprimentam por pura convenção imposta pelas regras pobres e questionáveis que aprenderam.

Não. Não quero mais cinismos e falsos bem querer.
Antes, quero uma vida limpa. Limpidamente impura e fora dos padrões podres e convenientes a um mundo curto.
Vida com ideais de vento... mas antes ideais de vento que dias rotineiros e medíocres que nada acrescentam a ninguém, a não ser às próprias gulas.

Posso ser fora dos padrões... mas, não ligo. Porque sei que somos feitos de estrelas. E isto me basta.
E "guardo todo o sentimento do mundo".

Ponto.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Mais respeito, por favor.

Faço parte de uma minoria que, segundo pesquisa feita em 2008 pelas fundações Perseu Abramo e Rosa Luxemburgo é o grupo social mais rejeitado no Brasil. Os ateus.
Dos entrevistados, 17% responderam que sentiam repulsa e 25% antipatia pelos incrédulos. A pesquisa foi feita para “medir” a rejeição a homossexuais.

Não me surpreende. A cristandade vê ateus como diabólicos, afinal, quem não é de deus, é do diabo. Simples assim, para a maioria de raciocínio limitado pelo medo até de questionar a loirice retratada de Jesus Cristo. A bíblia não diz em lugar nenhum que Jesus tinha olhos azuis. Aliás, se ele existiu mesmo, sua aparência teria sido bem diferente. Semelhante ao povo da Terra Santa – pele morena, cabelos crespos, olhos escuros.

O preconceito já começa aí, gritante e escancarado! Jesus tinha que ter face angelical; pele, cabelo e olhos claros, é óbvio.
Santa cristandade européia!
Quanta hipocrisia!

Nós, ateus ou agnósticos, sofremos um tipo de preconceito muito bizarro. Somos julgados como maus; seguidores do capeta, embora nós, como não cremos em deus, também não cremos em demônios – que, ironicamente, foi criado pelo mesmo deus judaico-cristão. Eu não consigo entender o raciocínio dessas pessoas que sentem repulsa por pensamentos que desconhecem em totalidade! Talvez eu não entenda porque não há raciocínio, de fato.

Como discutir saudável e inteligentemente com alguém que acredita que exista um inferno onde as almas que não crêem em Jeová e os pecadores de todos os graus vão queimar e sofrer horrores por toda a eternidade???
Aliás, o que cristãos fanáticos adoram fazer é desejar-nos o inferno. Impressionante o sadismo... e os ateus é que são maus.
Um mesmo inferno para os assassinos perversos, genocidas, ladrões de galinha, adúlteros e.. ateus, é claro.
Um mesmo lugar para Hitler e para o vizinho que fuma maconha, mas é boa gente.

Dá pra entender como um hominídeo com um cérebro de 1,5 kg acredita nessas bizarrices?

As neurociências e a psicologia evolutiva explicam esta propensão para crenças desta ordem.
Mas, já que estamos em um grau de desenvolvimento científico e tecnológico bem razoável, será que não é momento de discutir esta relação teológico-humana?

Sabemos que a Terra não tem 6 mil anos; sabemos que jamais aconteceu um dilúvio universal; o sol é só mais uma estrela mediana e não gira em torno da Terra; existem bilhões de galáxias contendo, cada uma, outros bilhões de estrelas com séquitos de planetas com ou sem luas; o primeiro hominídeo bípede surgiu há mais ou menos 5 milhões de anos; os átomos de que somos feitos foram forjados em estrelas supermassivas...

Desfrutamos todas as regalias que a ciência nos proporciona, como comunicação via satélite, medicamentos cada vez mais eficientes, vacinas, informação em tempo real...
Como pode existir pessoas que ainda acreditam em Arca de Noé só por que o texto que que conta é antigo, tem um gênero literário poético-narrativo e está num livro que dizem ser sagrado e conter a verdade absoluta mesmo que contra qualquer evidência???

Da mesma forma, pode-se considerar que Zeus ou Shiva são reais. Está escrito, não está?

De qualquer forma, que fiquem cada um com suas crenças, mas respeitem, também, a ausência de crenças.
Arrogar que um cristão é mais bondoso que um ateu é pura ignorância.

Tenho visto católicos fervorosos que freqüentam missas todos os fins de semana, mas são bem ruinzinhos de ética e desprovidos de sensibilidade. Maldizem a todos pelas costas, têm um falso-moralismo enjoante, confundem bom-humor com falta de respeito, berram feito asnos dentro de suas casas e por aí vai.

Por outro lado, tenho visto ateus muito mais preocupados com o bem estar da humanidade do que qualquer grupo religioso.
Tenho conhecido ateus que são mais bondosos, educados e queridos do que muitos que se intitulam povo do deus de amor.

Podemos ser minoria, mas, guardadas as proporções, somos maioria em ética, bondade, amor e respeito.